(Marta Dahlig, locked)
Nas nossas palavras ficamos
Andando em sentidos opostos
Ouvimos saudades nos planos…
Queremos vingar nosso tempo
Usando nos gestos clamores
Enquanto vivermos distantes
Remendos de encontros vazios
Ousamos ficar em silêncio!
Meus atos nos deixam cativos…
Algemas de súplicas somos
Iremos prender nossos anos
Sementes que não vão brotar!
Pedimos perdão cara-à-cara
Ensaios de um texto décor
Registros de inúmeros planos
Sementes que não vão brotar!
Insensíveis fomos atores
Sabendo que o palco ruiu
Trouxemos em nossa bagagem
Imagens sem cores vermelhas
Reprises não voltam atrás!
Achamos por bem a distância…
Unimos o que nunca uniu
Medimos as nossas partidas
Agimos quais dois paleolíticos
Medindo instintos por vezes
Olhamos os rostos marcados
Rogamos não envelhecermos!
Queremos de novo as peles
Umedecermos os gestos…
Então só te resta parir!
Silêncios me deixam calado
Em todos os cantos paramos
Inesquecível sonhar!
Queridas manhãs de outono
Um dia pudemos podar
Enlaces de noites perpétuas!
É isso que busco em nós dois…
Poeiras e mares suspiram
Roteiros que engavetamos
Os poucos momentos de nós
Irritam as nossas presenças
Beldades de irônicas vozes
Impedem que amemos eternos
Ditamos no texto o falar
Olhamos em nós a crônica feita por um…
(Mar: 12, 2002)