Chove! E é muito forte!
Ouve-se no rádio no canto da sala
Mozart ritualizando nossos paços…
Ouve-se no rádio Mozart, sem canto!
Vi muitas chuvas
Ou eram lágrimas?
Umedeceram meus olhos os teus…
Diante desta chuva tão forte
Invado teus aposentos
Zero as nossas brigas
Evito as lembranças em preto e branco
Registradas no canto do espelho…
Queria não poder chamar tua atenção!
Uma vez que chovi de remorso
enquanto tu silenciavas minha partida!
Tudo tinha um propósito:
Encarcerarmo-nos em nosso um quarto e meio!
Antes da chuva
Muitas águas rolaram
Oraram e ficamos no silêncio somente!
Silêncio que nos trata em conta-gotas…
Espelhos? Fotos? Marcas de baton no corpo (no copo…)?
Neguei a chuva em teu rosto
Enxuguei as tempestades naquele copo!
Mergulhei no arrependimento!
Sou um pouco do silencio entre nós…
Estou em silêncio…
Imperdoavelmente estou aqui!
Olhares me perdem na saudade…
Queira não poder chamar tua atenção!
Uma vez que a chuva
Encontrou uma fresta em meu telhado!
Éh! Meus tormentos roubam tua paciência…
Antes da chuva
Meditei em tuas palavras:
“-Ainda que tu me abandones
Reservar-te-ei um perdão!”
Ouço Mozart!
Um dia te amei de verdade!
Ontem te amei com saudades!
Queria não poder chamar tua atenção!
Um dia te amei em noturnos meus…
Eu pensei que me amastes…
É! Os meus tormentos…
Ainda me amas???
Me respondas então:
Ouvimos ou não Mozart?
Retires então o que me sobra desta tormenta!
(Mar: 13, 2008)