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“O Anseio das Palavras Não Pronunciadas”

Posted in Monólogos with tags , on 17 de dezembro de 2023 by Prof Gasparetto

(Betto Gasparetto -xii-23)


Em tempos antigos e venturosos, onde os anseios do coração eram guardados como preciosos tesouros, permeava a dúvida cruel que assolava a alma. Ah, quantas palavras repousavam em silêncio nos confins do nosso ser, ansiando por liberdade, ansiando por voz! Como um teatro sombrio, onde o palco se tornava o cárcere das emoções não proferidas, apenas suspiradas nas profundezas da lamentação.

Quantas, ó quão inumeráveis, são as palavras que repousam em nossos corações, tesouros inestimáveis, como pérolas ocultas no seio das águas escuras. E, no entanto, pungentes arrependimentos nos assombram quando, em desalento, não as proferimos! Sentimentos, tão vastos e sublimes, não se enclausuram apenas nas gaiolas das palavras; ecoam através dos olhares, bailam nos gestos, como uma dança silenciosa que o coração realiza.

No afastamento da convivência habitual, paira sobre nós a névoa da incerteza, o temor sutil que tece suas teias ao redor do que outrora foi sólido e conhecido. Ah, a inquietude que devora os alicerces da confiança, questionando se os dias vindouros guardarão a mesma harmonia, se a sinfonia que outrora encantava os ouvidos persistirá em seu eterno compasso.

Porém, há uma verdade indelével que se insinua entre os recantos da dúvida: o fluir do tempo, com sua inexorável marcha, não tolhe a profundidade dos laços verdadeiros. Pois, ainda que distantes em espaço, nossas almas podem convergir na sinfonia dos afetos, nas entrelinhas dos olhares que clamam por reencontro, nas mãos que anseiam pelo calor do toque familiar.

Oh, corações inquietos, ecoai vossos desejos, pois mesmo na quietude das palavras não ditas, a essência do sentimento se ergue como um farol, guiando-nos na busca pela constância no efêmero palco da existência.

(Betto Gasparetto -xii-23)