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Mantivemos acesa a luz da varanda

Posted in Poemas, Poesia on 11 de janeiro de 2012 by Prof Gasparetto

Quando vinha de longe, presenciava sempre teu vulto na janela da sala.

 

Deixei meus rastros no chão,

e entardeceu meu fantasma no chão ileso da volúpia e nas muralhas tingi meus ossos!

 

Há tantas falhas em nós…

Não conseguimos desatar sequer nossos beijos do escuro dos nossos retratos

 

Envelhecemos socialmente, e fomos obrigados a estender os lençóis no quintal úmido da saudade!

 

Mereces crédito de um desvalido?

 

Mendiguei durante anos as migalhas de um amor escrito em cartas…

 

Fiquei preso. Sim, preso num sótão de madeira de cambará.

 

Como podemos disfarçar a cada dia nossas vozes?

Vociferamos ao vento nossos desejos

Mas nenhum acatou nossos pedidos…

 

Vontades e desejos me dão vontade de não mais desejar furtar mais um beijo…

 

Cada dia me causa tédio

Cada dia me cansa de sentir que o vento logo irá apagar a luz…

 

Venta demais…

Os vasos da varanda de medo saltam c e num como num suicídio coletivo

Esmagam as flores que tentavam sobreviver…

 

Que pena!

Viver sem esperar causa cansaço…

 

As varandas temem que nossos passos sejam violentos,

Como marchas estúpidas dos meninos que partiram para uma guerra sem nome…

 

Prometestes nunca podar uma flor

E trouxestes-me as flores mais lindas que jardim algum tivera o privilégio de tê-las!

 

Porque fui teu erro, confessastes-me um dia!

Nos madrigais, encenavas tocar meu corpo,

A fazer juras de amor infantil, daqueles nossos tempos

Que nos prometíamos furando a ponta dos polegares,

E unidos em sangue, selávamos o que seria um dia o amor!

 

Foram as maresias que esculpistes em nossos atóis!

 

Achei num fado o gosto de oliva em teus lábios,

O verso escorreu no sabor de dizer palavras improvisadas

Foram tantos versos que criastes que quando percebi

Tornei-me o inverso de um pecar sozinho…

 

Palavras Quebradas

Posted in Poemas, Poesia on 11 de janeiro de 2012 by Prof Gasparetto

Tua voz me silencia no torpor de quebradiços amores pagãos!

O que era longínquo se faz totem em minhas paredes

Cheiro os orquidários que cultivastes em minha vida

Viro as páginas de um almanaque amarelado para encontrar a papoula que um dia numa carta me destes de presente!

Longe o futuro está…

As maçãs e o vinho rose tingiram meu vestido de alcaçuz

 

Veio a chuva e molhou-me de saudades tuas…

Teu rastro de âmbar espalha-se em meus pensamentos

O retorno me confessa que estou ficando envelhecida em meus bordados de faróis…

 

Dispo-me do tom sossegado das borboletas silvestres

Minhas mãos ainda sentem tuas mãos como presente breve em minha vida!

 

O toque dos teus lábios encarcera-me de alegria,

Prisioneira indefesa em teus braços

Músculos trêmulos e longínquos dos meus

 

Ondes estás amado encapuzado de noturnos?

 

Sequestra-me de uma vez,

Preconizo o amor como seiva, como orvalho, como leite de rosas…

Foram gestos inocentes, eu sei!

 

Olhares me rebuscavam do vazio distante de um sorriso,

Íamos cambaleantes até aos nossos tapetes e lá o silencio pairava em nossos olhares!

Eram quebradas todas as palavras

Eram preenchidos todos os vazio que pecamos um dia

Eram tardes

Eram noites                                    

Eram invisíveis quereres de se querer mais

Éramos nós atados no silencio… inocente do amanhã…

Aqui tudo é sílaba que num estado venoso acelera o espaço que ser o momento!

 

Tua paz, meu mar.

Tua ambição, meus critérios.

 

Longe se vai a calmaria de nossos oceanos banhados de nós,

Cercados de mímicas

Sim, oculto esta nossas calmarias…

Perdemos a razão e o final…

Esqueci meu poema na mesa de vime

 

Fecho meus olhos no teu corpo

Ouço teu corpo em minha voz

E sorrateiramente vou lapidando tua dança barroca de compreender o que sou hoje!

Posso ouvir teus adjetivos sinceros

Quero dormir,

Quero despertar,

Queres-me ao teu lado?

Vejo tuas escritas espalhadas em meus espelhos…

 

E o que tem sido a minha vida?

Percorro os mares das questões e me deparo com adágios do passado

Mozartiamos incansáveis momentos,

Rodávamos feitos moinhos de vento…

 

Quero dormir,

Quero despertar,

Queres-me ao teu lado?

Vejo tuas escritas espalhadas em meus espelhos…

 

Nada me explicaste sobre o consolo

Ficava sempre no depois quem sabe!

 

Desolada fico,

Choro,

Espero-te um dia… talvez!

A árvore da esquina da tua casa

Posted in Poemas, Poesia on 11 de janeiro de 2012 by Prof Gasparetto

Frondosa e acolhedora!

 

Cravos e gerânios pela estrada

Quantas milhas minha amada caminhei em busca do teu leito

Retirastes dos caminhos os espinhos verdejantes que um dia pisei

E para o meu conforto, caímos no afronto matinal das discussões…

 

De leve veio a chuva de granizo e salpicou nossos telhados e gramados

Fomos telas de uma pintura inacabada

Sonhamos acordados sem sonos, sem sonhos…

Nossas enverdecidas de desejos, primou-nos do silencio verdejante das floreiras,

As folhas agitadas, sopravam gotas de orvalho pela janela…

Tremi por não saber tremer de alegria,

Gritei por não saber parar de gritar o teu nome

Eu tinha muitos dilemas e o que mais me encantava

Era a maneira de como sorriamos um para o outro sem saber do que!

 

Depois o perdi.

Lembro? Quem dera! Se eu nunca soube

O que ele era.