Respostas
(Raphael Lacoste)
By Fátima Tardelli in Inqueritus
Minhas cartas foram escritas, mas não postadas,
Temo a resposta do destinatário,
Meus verões tornaram-se invernos,
Tão triste é minha solidão,
Está meu coração para sempre marcado,
Marcas não comerciais, marcas estranhas, ininteligíveis e indeléveis.
Não há mais púlpito,
Não há mais público,
Não há mais a quem converter!
Meus armários….vazios!
Estou nua, desnudastes minh’alma…
Equinócios se seguiram sem teu retorno,
não vejo flores, não vejo folhas, não vejo sol, só invernos!
Gastei minha fortuna, meu soldo,
à tua procura….
Milhares de guinéus se foram em recompensas,
nenhuma resposta que me indicasse o caminho!
Orei à Deus,
Aos santos, às virgens,
pedi à dinvidades, deidades.
Nenhuma resposta….chorei, desisti!
II
Longe da bainha.
Abandonastes a peleja.
Foi ela sussurrada, ficou agora sem sentido.
Está ela arada, à espera do semeador
Roma tem vários caminhos,
A estante só tem dois livros.
Doces grilhões as prenderam,
à distância, contemplando…
III
Presos na garganta.
Fechadas neste inverno.
…
que louca ciranda!
IV
Vide supra: eis tuas respostas.
Enviei cartas (2)
sem obter respostas!
V
Venha a mim que te curo,
Chegue aqui que te amo,
Volte a mim que te ressuscito,
Pouse em mim que te cuido!
O navegante encontrou a ilha,
seduziu a índia,
tomou a terra,
fez nela sua morada,
depois foi ele seduzido por nova estrada,
abandonou o que tinha, apostou o que não podia,
perdeu tudo numa jogatina, numa mão do carteado!
VI
flutuando ao vento, à procura de teu olfato,
vislumbrando o horizonte, em busca de certa embarcação,
chagas abertas no peito, a dilacerar um pobre coração atormentado!
Onde estão os hilários ciúmes?
A terra não navega, desconhece os mares!
VII
Palavras emprestadas:
Estar junto não é estar ao lado,
É estar do lado de dentro.
(Mar: 30, 2008)
13 de junho de 2008 às 03:33
[…] um amigo lembrei de certa ocasião em que um poema dele recordou-me aspecto de minha vida pessoal. Na […]